terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Marte, O “Bonzinho”.


     Bom, antes de mais nada, venho aqui pedir desculpas pelo tempo sem colocar nada. Desde a minha última (e primeira) postagem, tive o final do período da faculdade, que foi um inferno, as festas de final/começo de ano e a minha total falta de inspiração para escrever – motivos que, acho eu, são convincentes o bastante para explicar o porquê de eu não ter postado nada. :P
     Como eu havia dito em minha estreia aqui, um dos objetivos desse blog é “nos conhecer melhor” – entenda essa frase da(s) forma(s) que preferir. Dessa vez irei contar a história de um amigo meu, o Marte, que conversava (e ainda conversa, de vez em quando) comigo à noite e é um cara que eu tenho percebido que tem se esforçado bastante pra se “autoconhecer”. Espero que gostem dessa história dele e que se acostumem a ele, porque ele provavelmente deve aparecer por aqui mais algumas várias vezes.

     Até pouco tempos atrás, Marte acreditava que só existiam dois tipos de pessoas: as boas e as más. Pessoas boas eram aquelas que sempre faziam coisas boas para as outras e nunca erravam, magoavam outras pessoas ou coisas do gênero. Pessoas más eram aquelas que eram o oposto das boas. Assim, caso uma pessoa boa errasse ou fizesse apenas uma maldade ou cometesse um único erro que fosse, ela era imediatamente enquadrada no grupo de pessoas más. Fica bem nítido que os bonzinhos teriam uma tarefa árdua pro resto da vida, não é?
     Não sei bem quando, mas Marte, certa vez, decidiu que seria uma pessoa boa, porque pessoas boas, ao olhar dele, eram pessoas sensacionais – acreditava, ele, que pessoas boas realmente tinham uma vida melhor e mais tranquila. Para tanto, ele começou a fazer “coisas boas” afim de atingir seu objetivo. No começo, como no começo de tudo novo, era algo meio trabalhoso e difícil, mas que ele acreditava que com o tempo se tornaria mais fácil e normal. E, como Zelig (do mockumentário homônimo, de Woody Allen), isso realmente aconteceu, ou seja, se tornou algo automático que nem ele mais notava que estava fazendo “coisas boas”. Aparentemente a vida de Marte era bem tranquila assim. Devido a esse “modo de vida” ele tinha muitos amigos, era uma pessoa sempre calma, tranquila e paciente e que, ao seu ver, nunca tinha cometido erros – afinal, pessoas boas não cometem erros.
     Marte foi levando sua vida assim até entrar na faculdade – um outro mundo, com pessoas novas e com as mais diversas cabeças. Tentou o vestibular duas vezes para medicina (afinal, médicos fazem coisas boas – salvar vidas, né?), passando na segunda tentativa. Na faculdade ele conseguiu enxergar que a vida não era tão preto e branco quanto ele pensava. As novas pessoas que ele conheceu mostraram a ele, através de suas falas, atitudes e pensamentos que o cinza existia – e ele era fascinante. Sim, fascinante, porque era algo que ele não conseguia conceber: como que nunca disseram a ele que o “meio-termo” existia?
     Apesar da epifania inicial de Marte, suas ações continuaram a ser como eram. Aparentemente, ele tinha medo de errar e/ou magoar as pessoas ao seu redor – fazendo o que fosse preciso para isso – e continuava com seu jeito “bonzinho-de-ser”. Esse jeito pode ser visto como estar sempre atento às pessoas ao seu redor, se dispondo a ajudá-las quando preciso; sempre dizer “sim” aos pedidos feitos pelas pessoas; mas, acima de tudo, não errar com as pessoas – mesmo quando, aparentemente, as pessoas erravam com ele.
     O que Marte, no entanto, não sabia é que cometer erros e magoar as pessoas não são coisas que acontecem somente quando as pessoas têm o intuito de cometê-los. Marte viu que, às vezes, as pessoas mesmo com a melhor das intenções (e sem querer) cometem erros, machucam e magoam outras pessoas. E isso não significa que a pessoa em questão seja má ou que deixou de ser boa – apenas que a pessoa é, de fato, uma pessoa, ou seja, um ser humano sujeito a erros. Marte descobriu (e aprendeu), e está descobrindo (e aprendendo), talvez da “pior” (ou “melhor” – depende do ponto de vista) maneira isso: na própria pele.
     Lembro-me de quando Marte vinha me contar uma de suas histórias, que ele próprio dizia serem, de como “os bonzinhos só se fo*em”. Hoje, após alguns “cursos” que ele fez e outros que ele ainda está “cursando”, ele me conta suas histórias de como “as pessoas aprendem a serem pessoas”...

Frase de hoje: “Nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz...”
Música de hoje: “Planta & Raiz – De Você Só Quero Amor”


*A história acima teve a total aprovação de Marte para ser postada aqui.

7 comentários:

  1. Muiiito interessante esta estória!!!
    É incrível como ela me parece familiar!!(rs)

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  2. Fico muito feliz em sentir que Marte pode permanecer num caminho bastante iluminado sem sair de órbita! ou melhor, criando uma própria para si...e, consequentemente, mais brilhante ainda!!


    P.S: adorei a citação ao Zelig que nunca poderemos ser!! \o/

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  3. "Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons" - Freud

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